Conheça Nossa História
A Origem
No que se refere às bases do povoamento alagoano, a história relegou quase ao esquecimento um centro reconhecidamente de valia como um dos pontos formadores do nosso crescimento populacional: Santa Luzia do Norte. Há versões do surgimento do povoado na centúria anterior, porém contestado por muitos historiadores. Se destituída essa possibilidade de elementos probatórios, contudo, pode-se provar que a ancianidade de Santa Luzia do Norte é documentada com mais subsídios que a de Penedo e Alagoas do Sul (Marechal Deodoro). Coube ao escritor holandês Varnhagen a divulgação de ter sido o pequeno burgo lacustre fundado da última década do século XVI. Em comentando sobre o povoamento das Alagoas, Varnhagen, afirma: “Logo depois, começava a erigir-se em uma pequena enseada, no fundo da Alagoas do Norte, a vila chamada Nova de Santa Luzia, por devoção de seu fundador que era cego”.
Rio Branco, diplomata e historiador - relacionou o surgimento do povoado com a concessão a Melo e Castro da sesmaria que deu origem a Alagoas (Marechal Deodoro) deduzindo ter sido o cego este fundador de Santa Luzia. Estudiosos alagoanos consideram lendária tal versão, por haver o mestre dispensado a citação de fontes. Porém, Melo Morais, atribuiu ao também historiador GABRIEL SOARES a paternidade da informação.
Para escolha do nome do vilarejo, pode-se admitir a existência do cego, sem associar a ele a consecução de grandes empreendimentos, levando-se em conta sua incapacidade física. Tocar o início do povoamento – com construções etc – requeria trabalho árduo. Inclusive a posse oficializada da terra, com pedido de doação da sesmaria. Alguns moradores, pelo caráter passageiro em que se estabeleceram - talvez o caso do cego -, não empreenderam trabalho de vulto populacional emergente.
O Instituto Histórico de Pernambuco, em 1948, atendendo solicitação dos beneditinos, D. Pedro Bandeira de Melo e D. Bonifácio Jansen, publicou o Livro do Tombo do multissecular Mosteiro de São Banto de Olinda.
Verifica-se, incontestavelmente, a existência do povoado em 1608, cuja denominação, “povoação de Nossa Senhora da Luz da villa nova de Santa Luzia”, não mais consta em documentos posteriores. A declaração do Livro do Tombo dos beneditinos de Olinda, evidencia que a criação da povoação, banhada pelo rio Mundaú, é anterior a 1610, desfazendo a crença admitida de ter sido Antônio Martins Ribeiro o fundador, conforme os termos da doação recebida por ele de Diogo Vieira.
A denominação
Conforme documentos probatórios, verificamos a incontestável existência do povoado em 1608, sob a denominação de Nossa Senhora da Luz da Villa Nova de Santa Luzia, denominação esta não mais registrada em documentos posteriores. Supõe-se que, sob a proteção da Virgem de Syracusa, erguera-se, dantes, um arraial que, segundo a tradição, fora iniciado por um cego.
Possivelmente, o sesmeiro dando início à povoação, instalou-se no mesmo local, ou nas proximidades, e para distingui-la da antiga, denominou-a de Nossa Senhora da Luz, conservando, porém, a invocação de Santa Luzia. Chamaram-na de Vila Nova de Santa Luzia, Lagoa do Norte, - acreditamos, em razão de assim também denominar-se a lagoa Mundaú que banha parte de seu território. Villa do Norte e Santa Luzia de Syracusa da Lagoa do Norte são denominações que alguns historiadores mencionam.
Quanto à denominação “Outeiro de São Bento”, referida por Dias Cabral, aludiremos em capítulo especial, mais adiante. Atribuir-lhe a denominação de Alagoas do Norte, para nós é pura criação fantasiosa, carecendo, evidentemente, de fundados subsídios para tanto.
João Francisco Dias Cabral, - acima citado – historiador e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, em dissertando sobre a povoação de Santa Luzia do Norte, enfatiza: “é dos fins do século XVI a povoação do território da Lagoa do Norte, hoje Villa de Santa Luzia do Norte”. Em 1612 (segundo o Prof. Werter Brandão), no mapa 14 do livro que dá Razão do Estado do Brasil, Santa Luzia do Norte é a única localidade assinalada sob designação de vila, cuja denominação era: Vila Nova de Santa Luzia, asserção esta do professor Werter, baseada em documentos da lavra do escritor holandês Varnhagen.
A invasão holandesa
Os holandeses investiram contra o povoado de Santa Luzia do Norte. Findava-se, então, o ano de 1633, quando ocorreu a invasão batava em Santa Luzia do Norte. Alertados da iminente agressão; preveniram-se os moradores do já emergente burgo, usando todo tipo de armamentos disponíveis à época, valendo-se inclusive das condições topográficas da povoação, favoráveis ao sistema de fortificações improvisadas e ao contra-ataque surpresa.
Comandando a resistência, o capitão Antônio Lopes Filgueiras recebeu o apoio de seus cunhados, Antônio, Estevão, Gonçalo, Gil e Luis, filhos de D. Maria de Souza e de Gonçalo Velho, todos empenhados na luta. Os três primeiros, incluindo Lopes Filgueiras, foram sacrificados na luta contra o invasor. A eles juntaram-se os irmãos Viana, também mortos na mesma guerra: Cosme, Francisco, Antônio, Lourenço e Manoel Viana. Esses nossos heróis transformaram cada residência em pequena fortaleza, usando nos pontos estratégicos grande quantidade de azeite quente contra o invasor. Santa Luzia do Norte transformou-se em verdadeira fortaleza às pretensões do invasor, tornando-se, portanto, obstáculo intransponível.
Fragorosamente rechaçados, os batavos bateram em retirada, deixando, contudo, a marca funesta de sua passagem pelo nosso solo. Mortalmente ferido, caía o nosso herói - Antônio Filgueiras – vítima da sanha holandesa, levando à sepultura, no entanto, a certeza de haver contribuído, com o seu sacrifício, para que a ocupação estranha aos costumes dos seus irmãos não fosse consumada. Destaque-se, também, a participação marcante e indômita de D. Maria de Souza, sogra de Antônio Filgueiras, grande incentivadora e participante da resistência.
Mão de obra escrava
A participação da mão-de-obra escrava em Santa Luzia do Norte foi inegavelmente de suma importância para o desenvolvimento do complexo industrial açucareiro aqui instalado às margens do Mundaú. Não somente em Santa Luzia do Norte, como nos demais centros açucareiros alagoanos, a presença do escravo negro verificou-se concomitantemente à do branco colonizador.
Visita do imperador
Pela importância que a Vila do Norte representava no contexto estadual, o Imperador resolveu visitá-la, deslocando-se de Maceió a bordo do Vapor Pirajá; singrando as águas da Lagoa Mundaú . Por volta das treze horas e quinze minutos do dia 9 de janeiro de 1860, desembarcava S. Majestade, o Imperador, em solo de Santa Luzia do Norte.
1º Independência – Município judiciário
Já em 1611 Santa Luzia do Norte constava no Mapa que dá Razão de Estado, designada como Vila, conforme descrevera o holandês VARNHAGEM em seu livro sobre a luta holandesa no Brasil. Sabemos que tal designação, não alicerçada em ato oficial, deveu-se a importância que já àquela época desfrutava a povoação localizada às margens da lagoa do Norte. Verifica-se porém, que em 10 de dezembro de 1830, por decreto do Governo Geral, a Vila do Norte obteve foros de município, judicialmente atrelada à Comarca de Alagoas do Sul. Ressalte-se que, apesar do decreto de 10 de dezembro dando-lhe independência, somente em 13 de junho de 1831 o ouvidor José E. Santos Tourinho procedeu a instalação do novo município. Jurisdicionalmente, por força da Resolução número 220, de 9 de junho de 1853, foi anexada à Comarca de Maceió. A Lei número 624, de 16 de março de 1872, anexou-a à Comarca do Pilar.
Após permanecer setenta anos jurisdicionada a outras Comarcas, no dia 18 de junho de 1900, por força da Lei número 282, transformou-se em Município Judiciário, com provimento de Juiz de Direito e Promotor de Justiça. Instalou-se a Comarca em 11 de julho de 1900, no paço da Intendência, localizado na Rua da Matriz, próximo à Igreja de Nossa Senhora do Rosário.
Perda da independência
O desenvolvimento comercial das povoações que receberam os benefícios advindos com a implantação da ferrovia tomou impulso assaz importante.
Rio Largo, então distrito, assumia posição de destaque, enquanto que a sede do município, por não receber os benefícios da ferrovia, sofria grande impacto com a quase paralisação do seu porto lacustre, com reflexos danosos aos armazéns exportadores de açúcar, aguardente, azeite e outros produtos. A maior parte da circulação de nossa produção passou a ser movimentada através da Vila de Rio Largo.
Por força da Lei n° 699, de 13 de julho de 1915, transferiu-se a sede para Rio Largo, conservando-se, porém, a denominação de Município de Santa Luzia do Norte. Seria macular a história afirmar que Santa Luzia do Norte perdeu a sua condição de município em 1915. Adenominação “Município de Rio Largo”, aconteceu em 30 de dezembro de 1943. O decreto estadual n° 2.909, daquela data, em seu artigo 3º, parágrafo 1º, combinado com u artigo 3º do decreto-lei federal nº 311, de 2 de março de 1938, concedia a Rio Largo foros de município, conseqüentemente rebaixando Santa Luzia do Norte à categoria de Vila.
Segunda independência
Transcorridos quase dezenove anos de dependência administrativa a outros centros - Rio Largo e Satuba -, Santa luzia do Norte foi reconduzida à condição de município.
Na manhã do dia 23 de agosto de 1962, quinta-feira, pelas nove horas, no adro da Igreja Matriz, o então Governador Luiz de Souza Cavalcante, (O Major), sancionava o Projeto de Lei de autoria do então Deputado Estadual, Dr. José Lobo Ferreira, criando o município administrativo de Santa Luzia do Norte, contudo, jurisdicionalmente ligado a Rio Largo.
1ª Composição da Câmara Municipal
Os componentes da primeira Câmara Municipal foram diplomados e empossados em 29 de outubro de 1963, pelo então Juiz Eleitoral, Doutor Ivens Malta Gato, em solenidade realizada na sede da Sociedade Musical Professor Vanderlei.
A sessão inaugural da primeira legislatura foi presidida pelo vereador mais votado, Sr. Deoclécio Feitosa.
Sob a presidência deste, procedeu-se à eleição da Mesa Diretora, que teve a seguinte constituição:
Presidente: - Deoclécio Feitosa;
Vice-Presidente: - Manuel Moreira da Silva;
1º. Secretário: - Antônio Romeiro de Lima;
2º.- Secretário: - Valdir Mascarenhas.
Na segunda metade do século XIX, como político e industrial, a figura do Comendador Francisco Oiticica.
Nas primeiras décadas do século XX, o Comendador Gustavo Paiva despontava como industrial e político dos mais destacados e atuantes, incentivando o progresso da região ao longo de boa parte do Vale do Mundaú.
Bacharel José Paulino de Brito. Causídico com atuação marcante na vida forense local e relevantes serviços prestados à Intendência Municipal.
Bacharel Luiz Cavalcante de Barros Accioly. Um dos fundadores da Sociedade Musical Professor Vanderlei, da Colônia de Pescadores Z-17, em Santa Luzia do Norte.
Professor Benedito Cunegundes. Pedagogo de grandes conhecimentos, poliglota e educador reconhecidamente capacitado e vocacionado para o mister ao qual se entregara.
Professor Manoel da Silva Vanderlei. Compositor e regente, viveu em Santa Luzia do Norte, onde se dedicou ao magistério, à composição e à regência. Patrono da Sociedade Musical Professor Vanderlei.
Cônego Amando de Gusmão. Vigário da terra por mais de duas décadas. Sacerdote zeloso por suas obrigações clericais e pelo seu rebanho, sobressaía-se como preclaro orador, professor do idioma pátrio, lecionando seus conhecimentos na \Escola Agrotécnica Federal de Satuba.
Como fundadores da empresa de energia elétrica, em 1947, destacaram-se, Amaro Romeiro, Benedito Mascarenhas e João do Rego Barros, que formaram sociedade visando a implantação daquele projeto, beneficiando quase toda a população de Santa Luzia do Norte.
Merece destaque a figura do cidadão Estevão Protomartir de Brito. Vereador, quando ainda estávamos administrativamente ligados a Rio Largo, sempre reivindicou melhoramentos para Santa Luzia do Norte, lutando sempre pela conservação de nossas estradas de rodagem, à época não asfaltadas, sequer pavimentadas a paralelepípedo.
Deputado Dr. José Fernandes de Lobo Ferreira, médico humanitário, dedicava seus conhecimentos ao santo mister de salvar as vidas daqueles que o procuravam. De sua autoria foi o projeto de lei que emancipou Santa Luzia do Norte. A antiga Praça Presidente Getúlio Vargas, na Rua da Matriz.
Otaviano de Assis Romeiro - ou simplesmente Otaviano Romeiro -, (Maestro Fon-Fon). Regente, arranjador, compositor e instrumentista.
Diógenes Jucá Bernardes. Renomado médico realmente vocacionado para o mister que abraçou, ficou conhecido em toda Alagoas pelo seu trabalho altamente meritório.
Dotado de inteligência privilegiada, Deoclécio Feitosa também contribuiu para o progresso de seu torrão natal. Colaborou decisivamente na criação e no crescimento social da Colônia de Pescadores Z-17, nela atuando como um dos seus diretores, e foi sob a sua orientação que a entidade pesqueira fundou a Escola Rio Branco – hoje extinta.
José Zumba ou simplesmente Zumba. . Artista plástico de notáveis qualidades, descendente de africanos, nasceu em Santa Luzia do Norte, no bairro denominado Quilombo, no dia 3l de maio de 1920. Dona Hortência Maria da Conceição, sua mãe, nascera escrava, antes da abolição.
Antonio Romeiro de Lima. Filho natural de Santa Luzia do Norte, escritor com duas obras publicadas, sendo um romance (premiado na Academia Alagoana de Letras o ano de 1994) e o outro um livro de cunho histórico que narra os acontecimentos do município de Santa Luzia do Norte.
Fonte: http://sobresantaluzia.blogspot.com.br/p/origem.html